CONTOS QUE ENCANTAM / Minelva Reis

A obra Contos que encantam, faz uma viagem às décadas de 80 e 90, mostrando a realidade de uma família de seringueiros que habitava a região ribeirinha do Rio Jari, especificamente na "colocação Paricuera" localidade onde a autora morou e trabalhou juntamente com os pais e irmãos na extração do látex. Na primeira parte da obra, é apresentado um relato detalhado, das atividades desenvolvidas cotidianamente por ela e os demais familiares. Na segunda parte, são apresentados alguns contos que costumavam ser socializados nas rodas de conversas ao cair da noite, pelos pais, avós, tios e outras pessoas que faziam parte daquele contexto. Os contos narrados fazem parte do imaginário popular, e despertam a atenção do leitor principalmente para a preservação da fauna e flora amazônica.

Nas páginas deste livro você encontra um convite para viajar pelo presente e pelo passado do Norte do Brasil. Mergulhe nos rios Jari e Cajari, observe os ribeirinhos e nade com os botos-tucuxis. Experimente a vida nas bandas de Almeirim e Jarilândia, que na exuberância de sua flora e fauna são apresentadas numa leitura vivaz, como aquela do olhar de uma criança: um grande parque de diversões em que se pode saltar sapopemas, criar barcos com galhos e contar com a companhia de seres fantásticos como o Jurupari, o Mapinguary, e o Uirapuru. Sinta-se em uma infância que se faz em íntima relação com a natureza e com um mundo de encantamento construído por meio das histórias contadas pelos mais velhos e recontadas a todo o tempo.

Minelva Reis narra com desenvoltura — ora como folclorista, ora como em uma boa conversa com suas manas — contos, causos e casos de um ponto de vista singular, perpetuando os saberes, a cultura e a história da região amazônica.

Minelva Reis é filha de Benedito Ferreira e Raimunda Nogueira. Nasceu por mãos de parteira, no interior do Pará, na localidade de Paricuera, município de Almeirim. Morou às margens do rio Jari até os 16 anos. É mãe de quatro filhos: Airton, Edjaly, Natália e Bruna, e avó de Sofia e Murilo. Iniciou os estudos aos 16 anos, quando foi morar com a irmã Maria, na cidade de Monte Dourado, no Vale do Jari. Na época, frequentava um curso de Educação de Jovens e Adultos, ofertado pela Associação de Pais e Mestres da Fundação Educacional do Jari (Fejari), que era destinado à alfabetização dos empregados domésticos ou filhos destes, que morassem com funcionários da empresa Jari Celulose. A autora é a nona de um total de doze irmãos: Maria, José, Matilde, Jaqueline, Vera, Benedito, Sônia, Raquel, Luciana, Deodoro e Soraia. Assim como todos os irmãos, ela também foi alfabetizada pelos pais, que eram semianalfabetos. Fortemente influenciada pelo incentivo à leitura que seu pai ofertou aos filhos durante a infância e adolescência, a autora decidiu cursar Letras. Uma vez formada, prestou concurso e, em 2004, tornou-se professora efetiva da rede pública de ensino municipal de Macapá. Atuou durante onze anos na Secretaria Municipal de Educação de Macapá com formação de professores. Nesse período, trabalhou na elaboração do componente curricular Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental de nove anos. Participou, na sequência, da elaboração do Plano Municipal de Educação e coordenou as formações continuadas voltadas aos professores da rede de ensino no período de 2016 a 2019, ano em que decidiu retornar à sala de aula. No mesmo ano participou do quadro “Quem quer ser um milionário?”, do Programa Caldeirão do Huck. Em 2020, 2021 e 2022, foi selecionada como professora autora da revista educacional Nova Escola, na qual teve a oportunidade de trabalhar sequências didáticas de diversos gêneros textuais, dentre os quais os contos regionais. Foi a partir dessa experiência que decidiu publicar contos. Autora de alguns poemas publicados em antologias, Minelva busca socializar suas experiências, incentivando a leitura como meio de mudança de vida.