CRÔNICA E CAFÉ À SOMBRA DO CUPUZEIRO / Valdinar Monteiro de Souza



Crônica e café à sombra do cupuzeiro é um livro de crônicas, “um lugar para os pequenos assuntos da alma”, como diz o autor na rápida e sucinta apresentação da obra. São 55 textos, contando-se com as orelhas, o prefácio e a apresentação. Além das orelhas, prefácio e apresentação, o livro tem 49 crônicas e três discursos. Das 49 crônicas, uma é de terceiro. As crônicas, como é natural deste gênero literário, cuidam de assuntos e aspectos diversos do dia a dia do autor e das pessoas com quem mantém algum relacionamento. Cada crônica é um capítulo do livro. São textos cujos assuntos vão do apego às coisas simples da natureza, ao bucolismo da vida no campo (fuga da agitação urbana, fugere urbem; busca do locus amoenus), em decorrência da origem do autor, até as leituras mais densas da literatura brasileira, da literatura clássica, da Bíblia e de textos jurídicos (ressalte-se que o autor é advogado), com acentuado o registro marcante de acentuado gosto pelo bom uso das redes sociais e das tecnologias de informação e comunicação. “São crônicas para leitores e leitoras de todas as idades (como as crônicas devem ser)”, bem resume, no prefácio, o Professor Doutor Abílio Pachêco de Souza. Os três discursos, por sua vez, tratam de homenagens e despedidas, principalmente em eventos maçônicos (o autor é maçom). O conjunto da obra, em síntese, revela uma produção literária que, despretensiosamente, merece dos amantes da literatura e da língua portuguesa um olhar diferenciado, das a provocação de bons debates e as reflexões que provoca.

“É uma linda mulher, a contemplar o rio e o céu, já no findar do dia, quando o Sol, que se vai (desaparecendo rapidamente, segundo a segundo), banha as águas, como se fora um amante apaixonado, enquanto elas, alheias a ele, correm sem parar e assim se vão, sabe-se lá para onde. De costas — ela, a mulher contemplativa —, evidentemente não me vê, mas eu a vejo, enquanto tento adivinhar seus pensamentos e suas lembranças, não obstante isso me seja impossível. Que belíssimas visões, a minha e a dela, que parece estar em quase êxtase, embora isso possa ser mera ilusão minha. Ela está contemplando as águas? Ou o Sol, que parece também contemplar a beleza dela? Em que estará ela a pensar? Quais são suas lembranças? Estaria alegre agora, ou, ao contrário disso, muito triste, como me parece? Quais são suas dores, medos e frustrações? Ela os tem? Claro. É certo que sim, como todos nós, os mortais. É a vida, que é bela, conquanto inegavelmente também seja sofrida!”
(Da crônica “Belas visões, a minha e a da banhista”)

“Neste conjunto de 52 crônicas, todas publicadas, principalmente, no Recanto das Letras e no Blog do João Carlos, Valdinar conversa com o leitor, fala sobre a escrita da crônica, refere-se a outras crônicas que estão no mesmo volume, cita muitos autores e autoras, sobretudo de literatura brasileira, periódicos e publicações literárias e refere-se a muitos cronistas. O repertório de leituras é amplo, rico e erudito, que também inclui autores clássicos e citações bíblicas. E um repertório bastante amplo das palavras e seus significados.”
Abilio Pachêco de Souza

“É de reconhecida competência em conduzir o leitor pelos seus caminhos, argumentos e estratégias de sedução, o que faz com elegância e refinado humor, abrindo os olhos de quem lhe dê atenção às mais óbvias e aparentemente insignificantes ocorrências. Nada lhe passa despercebido, sendo analisado e compartilhado em seu diálogo fluente e elegante.”
Gutemberg Guerra

Para muito além de puro divertimento, distração e deleite, a leitura dos textos de Valdinar Monteiro de Souza é instrutiva, enriquecedora, valiosa. Sem deixar de ser muito agradável, é profundamente densa de conteúdos e nos leva a perceber melhor os meandros de nossa existência e da complexa língua portuguesa. Seus textos refletem o cuidado com as artimanhas e armadilhas de nosso idioma. Os textos que dissecam os significados dos termos, suas etimologias e apropriações contextualizadas poderiam compor uma obra à parte. Podemos, certamente, desfrutar de seus escritos com essas finalidades de reverência ao nosso maior instrumento de comunicação e manifestação cultural, a língua pátria. Ler o mundo exige atenção aos detalhes e consciência. Os que foram alfabetizados fazem esse exercício pelas linhas escritas pelos que nos antecederam, em que pese terem estes nos oferecido as suas experiências pelo registro da observação, análise apurada e exposição estética do ambiente em que circulavam e contextos em que viveram. Isso exige elevado nível de sensibilidade e capacidade de expressão para que se faça entender com clareza. Assim é com esse advogado escritor, acostumado profissionalmente a ser o mais cristalino nos seus argumentos e no ofício de tradutor da sua percepção de mundo. É de reconhecida competência em conduzir o leitor pelos seus caminhos, argumentos e estratégias de sedução, o que faz com elegância e refinado humor, abrindo os olhos de quem lhe dê atenção às mais óbvias e aparentemente insignificantes ocorrências. Nada lhe passa despercebido, sendo analisado e compartilhado em seu diálogo fluente e elegante. Crônica e café à sombra do cupuzeiro é uma coletânea que permite uma compreensão ampla sobre o autor, desde sua origem no campo e amor às coisas simples da natureza até o que é capaz de produzir ao utilizar os recursos de tecnologias modernas e disponíveis nas redes sociais. Ele revela, ao descrever no estilo que elegeu como favorito para sua produção literária, o volume e qualidade de sua obra que vai se impondo e exigindo dos amantes da boa literatura e dos cursos de letras e língua portuguesa que o utilizem como insumo de aprendizagem, provocação de bons debates e reflexões sobre nossa linda, complexa e derradeira flor do Lácio.
Gutemberg Guerra - Engenheiro-agrônomo pela Universidade Federal da Bahia. Mestre pela Universidade Federal do Pará. Doutor pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (Paris, França). Pós-doutor pela Columbia Universtiy (New York City, USA).

Valdinar Monteiro de Souza nasceu no Pará, em 6 de março de 1960. Bacharel em Direito e especialista em Direito Administrativo, em Direito Constitucional e em Direito Médico. Advogado. Autor de artigos e crônicas publicados em jornais, revista e blogues. Pela Scortecci Editora publicou também os livros: Revista e jornal: crônicas escolhidas, A despedida do palacete e As areias nuas do mar.

Serviço:

Crônica e Café à Sombra do Cupuzeiro
Valdinar Monteiro de Souza

Scortecci Editora
Crônicas
ISBN 978-85-366-6795-9
Formato 14 x 21 cm 
148 páginas
1ª edição - 2024
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